Quanto mais eu trabalho, mais percebo
Que os seres humanos carecem de bons espelhos
É
muito difícil para qualquer um mostrar a nós
Como somos de fato, e é muito difícil para
nós
Mostrarmos aos outros o que sentimos
Todas aquelas pessoas de papel
Vivendo suas vidas em casas de papel
Queimando o futuro para se manterem aquecidas
Todos idiotizados com a obsessão por possuir coisas
Todas as coisas finas e frágeis como papel
Isso sempre me pareceu tão ridículo
Que as pessoas pudessem querer ficar com
alguém
Só por causa da beleza
É como escolher o cereal de manhã
Pela cor, e não pelo sabor
Em algum lugar eu paro e espero você
Mas as coisas vão acontecendo… as pessoas se
vão
Ou deixam de nos amar, ou não nos entendem
Ou nós não as entendemos… e nós perdemos
Erramos, magoamos uns aos outros
E o navio começa a rachar em determinados
lugares
E então, quando o navio racha, o final é
inevitável
Mas ainda há um momento entre o momento
Em que as rachaduras começam a se abrir
E o momento em que nós rompemos por completo
E é nesse intervalo que conseguimos enxergar
uns aos outros
Que coisa mais traiçoeira é acreditar
Que uma pessoa é mais do que uma pessoa
Dizer essas coisas é o que nos impede de desmoronar
E, talvez, ao imaginar esses futuros
A gente possa torná-los reais, ou não
De qualquer forma temos que imaginá-los
A luz sai e nos inunda
Ir embora é uma sensação boa e pura
Apenas quando você abandona uma coisa
importante
Algo que tem significado; arrancando a vida
pela raiz
Mas só se pode fazer isso quando sua vida já
criou raízes
Fazer as coisas nunca é tão boa quanto
imaginá-las
Espero que seja esta a provação do herói
Porque não ir atrás dela é a coisa mais
difícil
Que eu tive que fazer
O para sempre é composto de agoras
Nada acontece como a gente acha que vai acontecer
Por:
Caique de Souza